Ásia respira aliviada enquanto mercados reagem positivamente aos comentários de Trump
Os mercados acionários asiáticos finalmente tiveram um alívio nesta quarta-feira, impulsionados por uma série de declarações encorajadoras de Donald Trump. O presidente dos EUA dissipou temores de uma possível demissão do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e ao mesmo tempo sinalizou disposição para adotar um tom mais brando nas negociações comerciais com a China.
Trump modera discurso, dólar dispara
A moeda americana se fortaleceu significativamente depois que Trump deixou claro que Powell não corre risco de perder o cargo. O gesto foi interpretado como um sinal de estabilidade, fortalecendo imediatamente a posição do dólar no cenário internacional. No entanto, o entusiasmo dos investidores começou a diminuir no final do pregão.
Acordo com a China: "do jeito bom ou do meu jeito"
Trump voltou a demonstrar interesse em um acordo comercial com Pequim, afirmando que está pronto para oferecer condições, caso a China se disponha a negociar. Ao mesmo tempo, deixou claro que, se os chineses não tomarem a iniciativa, Washington ditará as regras do jogo. As ameaças anteriores de tarifas de 145% ficaram fora da conversa — e os investidores viram isso como um sinal positivo.
Ásia no azul: Nikkei e Kospi em alta
Diante desse cenário, investidores voltaram a ativos anteriormente vendidos. O índice japonês Nikkei subiu 1,7%, e o sul-coreano Kospi avançou 1,4%. O índice MSCI da Ásia-Pacífico (excluindo Japão) teve um ganho robusto de 1,9%.
Wall Street continua recuperação: futuros em alta
As bolsas americanas seguem a onda de otimismo: os futuros do S&P 500 subiram 1,4%, enquanto os do Nasdaq avançaram 1,7%. Relatórios corporativos fortes também contribuíram para o bom humor do mercado. Até mesmo a Tesla, apesar de previsões conservadoras, surpreendeu positivamente: suas ações saltaram 5% após uma conferência com investidores.
Musk sai dos holofotes: bilionário promete foco nos negócios
O salto inesperado das ações da Tesla foi, em parte, impulsionado por declarações do próprio Elon Musk. Durante uma ligação com analistas, o CEO da empresa anunciou que pretende reduzir sua atuação no Departamento de Eficiência do governo no próximo mês. Segundo ele, o foco agora será em seus diversos projetos empresariais. O mercado interpretou isso como um sinal de que Musk será mais ativo na gestão de seus negócios.
Dólar recupera terreno após quedas
O dólar americano recuperou parte das perdas recentes. A cotação frente ao iene subiu 0,2%, para 141,77, contra o recente mínimo de 139,89, continuando a recuperação após uma alta de 1,1%.
Nesse movimento, o dólar também se fortaleceu contra o franco suíço, com alta de 0,4%, chegando a 0,8218. Já o euro recuou levemente, caindo 0,2%, para US$ 1,1399.
Juros em foco: mercado revisa expectativas
As preocupações com uma possível pressão excessiva da Casa Branca sobre o Fed começaram a diminuir. Investidores que antes apostavam em uma política monetária mais agressiva agora estão ajustando suas projeções.
Os futuros dos Fed Funds caíram, e a expectativa de corte nas taxas até o fim do ano foi reduzida para 81 pontos-base. Isso indica que o mercado começa a duvidar da velocidade e da intensidade dos estímulos monetários aplicados até agora.
FMI em alerta: guerras comerciais freiam o crescimento
Apesar do otimismo nos mercados, os problemas estruturais persistem. Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional divulgou uma análise sombria: barreiras comerciais contínuas levaram a taxas de crescimento abaixo do esperado nas maiores economias do mundo — incluindo EUA, China e outras. As tarifas continuam pressionando a atividade econômica global, corroendo a confiança dos investidores e reduzindo o ímpeto dos negócios.
Petróleo se recupera com apetite por risco
Mesmo com a incerteza econômica global, o aumento no apetite por risco impulsionou o mercado de petróleo. Na terça-feira, as cotações conseguiram reverter parte das perdas anteriores, com alta de cerca de 0,9%.
Na manhã de quarta, a tendência continuou. O barril do Brent subiu 60 centavos, atingindo US$ 68,04. O WTI americano acompanhou, com o mesmo avanço de 60 centavos, fechando a US$ 64,27. O mercado respondeu ao renovado sentimento positivo, apesar das incertezas globais.
Ouro perde brilho com realização de lucros
Enquanto ações e petróleo ganham força, o ouro — tradicional porto seguro em tempos turbulentos — seguiu em direção oposta. Com o aumento do apetite por risco, investidores decidiram realizar lucros. Como resultado, o metal precioso recuou 1,2%, sendo negociado a US$ 3.340 por onça. A queda veio após o recorde de US$ 3.500 e serviu como lembrete da volatilidade que também afeta ativos de proteção.
Mercados europeus em alta com apoio de gigante da tecnologia
As bolsas europeias abriram em território positivo nesta quarta-feira. O forte relatório trimestral da SAP, maior fabricante de software da Europa, foi um dos principais motores da alta.
O índice pan-europeu STOXX 600 subia 1,8% às 07h03 GMT. Os índices nacionais também seguiram o ritmo: o DAX da Alemanha, o CAC 40 da França, o IBEX da Espanha e o FTSE do Reino Unido registraram ganhos entre 1,9% e 2,7%.
SAP movimenta o mercado: resultados surpreendem Wall Street
Um dos destaques da sessão europeia foi a gigante alemã de tecnologia SAP. Suas ações dispararam 9,3% após a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre. A empresa apresentou um lucro operacional bem acima das expectativas dos analistas, o que injetou novo fôlego no setor de tecnologia europeu. Como reflexo, o índice do setor (.SX8P) saltou 3,3%, sendo o de melhor desempenho entre todos os segmentos regionais.
Trump muda o tom: retórica comercial se suaviza
Outro fator que impulsionou o sentimento do mercado foi a mudança de postura de Donald Trump. O presidente dos EUA surpreendeu ao adotar um tom mais diplomático em relação à China. Em conversa com jornalistas, declarou que pretende negociar com Pequim de forma "muito educada". A fala foi bem recebida, especialmente após ameaças e declarações agressivas anteriores, aumentando o apetite por risco dos investidores.
Volvo sob pressão: previsões decepcionam
Mas nem tudo foi positivo. A montadora sueca Volvo informou uma queda significativa no lucro do primeiro trimestre, abaixo das projeções. A empresa também revisou para baixo suas expectativas para a demanda de caminhões na América do Norte. A reação do mercado foi imediata: as ações da Volvo caíram 2,2%, tornando-se uma das poucas baixas do dia.
BP no radar dos investidores: Elliott exige mudanças
No setor de energia, a petrolífera britânica BP esteve no centro das atenções após o fundo ativista Elliott elevar sua participação na companhia para mais de 5%. As ações da BP subiram 3,8% com a notícia. O fundo tem pressionado a empresa a melhorar sua eficiência e aumentar substancialmente o fluxo de caixa livre, com meta de US$ 20 bilhões até 2027. O anúncio foi um forte catalisador para o renovado interesse nos papéis da empresa.