Você tem um plano, Sr. Donald Trump? Alguns acreditam que o que está acontecendo é uma diplomacia magistral — eles esperam que, assim que propostas sérias de outros países cheguem à Casa Branca, as tarifas sejam suspensas, o PIB acelere para 3% e o S&P 500 atinja novas máximas históricas. Outros estão convencidos de que as tarifas de importação levarão a economia dos EUA a uma recessão, fazendo com que o índice amplo volte a cair. Uma coisa é certa: os investidores estão cansados da incerteza e esperam que a definição do novo regime comercial lhes permita voltar a comprar ações. Mas calma lá.
Após o anúncio das tarifas generalizadas, assistimos a dez dias de turbulência histórica nos mercados financeiros. A capitalização de mercado do S&P 500 despencou em 5,8 trilhões de dólares, apenas para subir novamente em 4 trilhões. A Casa Branca alternou entre impor tarifas e anunciar adiamentos. Num dia, elevou as taxas contra Pequim para 145%; no seguinte, isentou de tarifas 100 bilhões de dólares em eletrônicos chineses populares — cerca de 23% do total importado da China. Alguém se surpreende que o índice VIX tenha disparado para seu nível mais alto desde março de 2020? O medo ainda domina o mercado?
Dinâmica da volatilidade do mercado de ações dos EUA

Sim e não. Há, de fato, uma aversão crescente aos ativos americanos, impulsionada pelas constantes mudanças de tom e decisões imprevisíveis da Casa Branca. Ao mesmo tempo, observamos um ressurgimento do FOMO — a estratégia do "compre ou perca". A recente retração do S&P 500 deixou os investidores em um estado de espírito ambíguo: tentados, mas cautelosos.
Essa volatilidade histórica favoreceu os tradicionais portos-seguros: ouro, iene japonês e franco suíço saíram na frente. À primeira vista, a valorização do euro pode parecer ilógica. No entanto, considerando que os títulos alemães passaram a ser vistos como beneficiários da postura errática da Casa Branca — ao contrário dos Treasuries dos EUA — tudo começa a fazer sentido.
Desempenho dos ativos durante os dias de volatilidade histórica do mercado
Os investidores demonstram confiança de que Europa e China adotarão estímulos econômicos para neutralizar os efeitos negativos das tarifas e das guerras comerciais. Enquanto isso, o afrouxamento do controle de Trump sobre a União Europeia tem acelerado a saída de capital dos Estados Unidos em direção ao bloco europeu, aumentando a pressão sobre o S&P 500.
Além disso, especialistas do Wall Street Journal elevaram a probabilidade de uma recessão nos EUA nos próximos 12 meses, de 22% para 45%. A previsão do PIB para 2025 foi reduzida de 2% para 0,8%, e alguns analistas já esperam uma contração de 2% ainda este ano. Outros, porém, apostam em uma reversão rápida das tarifas e em uma expansão do PIB para 3%. O primeiro cenário parece mais provável — o que sugere que o mercado acionário ainda não está fora de perigo. A fase difícil está longe de terminar.
Do ponto de vista técnico, uma barra interna se formou no gráfico diário do S&P 500, permitindo a entrada em posições compradas. Agora é hora da segunda fase da estratégia previamente anunciada: realização de lucros nas posições compradas e venda nos recuos a partir das resistências em 5500 e 5600 pontos.