Embora ainda não haja paz no conflito comercial, surgiu uma aparência de cessar-fogo. A Casa Branca começa a perceber, de forma frenética, que foi longe demais com suas políticas protecionistas e, lentamente, está fazendo concessões. Primeiro, anuncia a remoção das tarifas sobre produtos eletrônicos; depois, começa a falar sobre a redução das restrições ao setor automotivo. Isso permitiu que o S&P 500 subisse pelo segundo dia consecutivo.

Os investidores estão cada vez mais convencidos de que a política tarifária agressiva tem limites. Talvez isso seja motivado pelo desejo de Donald Trump de ver os índices de ações subindo ou pelo objetivo do Tesouro de reduzir os rendimentos dos títulos. Quando o S&P 500 estava caindo e os rendimentos dos títulos estavam subindo devido aos temores de vendas em massa pela China, a Casa Branca deu um passo atrás na implementação das tarifas de importação.

Apesar da elevada incerteza, a maioria dos bancos e empresas de investimento está otimista quanto às perspectivas do índice de ações mais amplo. Eles esperam uma recuperação até o final do ano, com a previsão mediana em 6.067, cerca de 12% acima dos níveis atuais.

Ao mesmo tempo, a natureza caótica das políticas de Donald Trump levou a uma das mais variadas gamas de previsões para o S&P 500 em pelo menos duas décadas. Os otimistas veem as ações da Casa Branca como uma diplomacia habilidosa, acreditando que, após a conclusão de acordos comerciais com outros países, as tarifas serão suspensas. Já os pessimistas continuam convencidos de que uma recessão e a queda nos lucros das empresas são inevitáveis.

É interessante notar que as previsões atuais de bancos e empresas de investimento estão em desacordo com os padrões históricos. Desde 1957, o S&P 500 sofreu uma queda de 15% ou mais antes de abril em apenas 16 ocasiões. Em apenas três desses casos – em 1982, 2009 e 2020 – o índice se recuperou e terminou o ano no positivo. Em cada uma dessas ocasiões, o Federal Reserve interveio para salvar o mercado. Se a história nos ensina algo, é que devemos esperar uma expansão monetária agressiva ou reconhecer que a opinião da maioria pode estar equivocada.

Tendências de dispersão de previsão para o S&P 500

As autoridades do governo dos EUA também estão contribuindo para a recuperação do índice geral. De acordo com o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, "não há conversa" sobre recessão nos EUA, e Donald Trump está disposto a ouvir as preocupações dos líderes empresariais americanos. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que o Tesouro tem as ferramentas necessárias para estabilizar o mercado de títulos.

Tecnicamente, o gráfico diário do S&P 500 mostra uma barra interna completada, o que fornece um ponto de entrada para posições longas a partir de 5.355. No entanto, a probabilidade de consolidação continua alta, portanto, uma rejeição nos níveis de resistência em 5.500 ou 5.600 seria uma boa oportunidade para posições curtas – assim como a incapacidade do índice de se manter acima do nível de pivô em 5.400.